INCOMPLETUDE
De repente o coração chora,
Num soluço mudo, sem razão,
Saudade que o peito explora,
Numa busca sem direção.
Nostalgia, vaga e intensa,
Sente falta do que não sei,
É um vazio que condensa
O que um dia eu já sonhei.
Casa, lar, abrigo ausente,
Tão distante e tão presente,
Tudo ao redor é diferente,
Mas o familiar, latente.
Vontade de voltar, de ser,
Mas o medo vem, persiste,
Perder-se no cosmos, temer,
Entre o que sou e o que existe.
Retornar e reencontrar
Tudo aquilo que me faz
Espírito livre a vagar,
Numa dança entre o que jaz.
Ah, essa incompletude sentida,
Como a sombra de um antigo eu,
Na saudade da própria vida,
Busco um lar que nunca se perdeu
Tia Neiva.