EQUAMINIDADE (CONTO/POEMA)

O andarilho vivia no extremo,

Terras escaldantes, de fogo,

Terras frias, de gelo,

Preocupado e confuso, desatento com o meio.

No calor, sentia ira,

Odor de enxofre,

Seus instintos cresciam,

Alimentados pelo desespero.

No frio, sentia preguiça,

faro algum sentia,

As narinas entupidas,

Resfriado, desesperança, apatia.

Certo dia, enquanto corria,

Do calor para o frio, cairia,

A cabeça na rocha batia,

Desmaiado seu corpo jazia.

"Meu pedir foi atendido", pensou,

"A benevolente morte ao meu corpo abraçou",

No entanto, a batida o enganou,

Vivo estava, onde nunca pensou.

A pancada na pedra foi forte,

Na sua testa deixou grande corte,

Olha em volta e sente a sorte,

Já não quer o abraço da morte.

Andarilho que vive no bosque,

Entendeu que seu corpo ainda sofre,

Mesmo em meio à velhice, à sede e à fome,

Da cabana na árvore, ele fita, gelo e fogo, do meio, de longe...