Sono consciente

Sono permanente da poeira

crescendo sua fome pelo todo,

entro pela coberta que se acoberta

a friagem monótona do vento.

Escondido na quentura do medo

analiso os mistérios dos sonhos,

amiúdes pesadelos de todo

trazem à consciência das sombras.

O inconsciente mergulha

no desespero carnívoro que oculto,

revela a verdade imperial

das maldades inúmeras d’alma.

Sonhei haver destruição

nas prateleiras datadas,

mas lá os livros são facas

que vem do sangue da mão.

Sonhei que tive esperança

quando amei algumas pétalas,

mas a fragrância são dédalas

caminhadas à ignorância.

Acordo recôndito vendo a cortina,

calma ela move no compasso do sol.

Lembro da sordidez que obtive, e

as memórias impalatáveis ao caos.

É hora da faxina e o brilho

da responsabilidade ordinal.

Crio nos poros dos segredos

o ímpeto em mudar os móveis:

o meu ego construído em mentiras

será uma carcaça límpida mental.

Sonhei que um dia dominei

o mundo e o próprio ser,

e despertado fui ver

essa loucura que criei.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 16/05/2024
Código do texto: T8064736
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