Sono consciente
Sono permanente da poeira
crescendo sua fome pelo todo,
entro pela coberta que se acoberta
a friagem monótona do vento.
Escondido na quentura do medo
analiso os mistérios dos sonhos,
amiúdes pesadelos de todo
trazem à consciência das sombras.
O inconsciente mergulha
no desespero carnívoro que oculto,
revela a verdade imperial
das maldades inúmeras d’alma.
Sonhei haver destruição
nas prateleiras datadas,
mas lá os livros são facas
que vem do sangue da mão.
Sonhei que tive esperança
quando amei algumas pétalas,
mas a fragrância são dédalas
caminhadas à ignorância.
Acordo recôndito vendo a cortina,
calma ela move no compasso do sol.
Lembro da sordidez que obtive, e
as memórias impalatáveis ao caos.
É hora da faxina e o brilho
da responsabilidade ordinal.
Crio nos poros dos segredos
o ímpeto em mudar os móveis:
o meu ego construído em mentiras
será uma carcaça límpida mental.
Sonhei que um dia dominei
o mundo e o próprio ser,
e despertado fui ver
essa loucura que criei.