Titã

Eu me sinto um titã

que não consegue alcançar o céu

por maior que seja minha odisseia...

Sinto-me um estrangeiro

como a noz vômica,

que te dá os frutos

para tirar-me estricnina.

Um titã, gigante tão poderoso,

que pretende escalar o céu

e não consegue fazê-lo...

Sinto o poder nestes cadeados,

nestas correntes...

De meus braços,

toda ópera do mundo...

E de meus sonhos,

todas quimeras!

Mas não consigo alcançar o céu!

Não consigo tirar Júpiter do trono

e, então, eu sinto minha imensidão

tornar-me muito pouco!

De que adianta

tanta fortaleza,

se de meu palácio,

lancei meus canhões

e destrui-lo, senhores?

Sinto-me este rei,

que destruiu seu castelo...

este gigante tão pequeno...

De meus braços já não pende a ópera

e, de meus sonhos,

neles, já não há quimeras!