QUE POETA EU SOU? (O TRABALHO DO POETA)

Outro ciclo terminado;

Um trabalho acabado;

Ao espelho indagado;

Que poeta eu sou?

O rato da dúvida roía;

A roupa do rei de Roma, não mais queria;

No meu espelho, refletia;

Se era poeta, não sabia.

Que poeta eu sou?

Na bigorna de Hefesto, martelava a cabeça;

Das faíscas do atrito, no escuro, vi um brilho;

Distraído com o ruído, foi roubado o raciocínio .

Seria Ariadne, pregando-me uma peça?

Tecendo suas teias até minha resposta;

De solavanco puxando a corda?

Ou Penélope seria?

Que à noite desfazia;

O tecido que no dia tecia?!

Na retórica das deidades;

Procurava a verdade;

Hefesto ergueu seus braços e martelou;

As faíscas à consciência iluminou.

A resposta veio à tona, como outrora esperava;

Distraído com o ruído esqueci do que brilhava;

O poeta que eu sou? Da poesia inacabada;

Reconstrói o seu poema, nova pedra lapidada.