A Flor do Saber

Tudo o que não vi,

aquilo que não sei,

que não vivi,

para minha desesperança,

é como um oceano azul imenso e desconhecido

que ri de onda em onda,

a debochar de minha pequenez e clara ignorância.

Ainda assim, tento a cada instante, me afogar no conhecimento infinito,

como se loucamente, meu âmago pudesse sorver o que a mim não fora concedido:

colher em imaginárias peneiras, o mistério que aos loucos enlouquece;

a certeza de que tudo é incerto.

Sim, eu devia ter me contentado

em olhar os frutos da terra ...

a acridade dos amores,

a delícia de ter amado, (com sorte, a recíproca espontânea).

Mas quis mais do que a mim me bastava,

amei mais do que precisava,

desejei mais do que merecia.

E quanto menos as flores se abriam na garganta de um moinho estranho,

mais flores eu colhia no campo, em busca de colher- te.

Mas tu não foste capaz de me amar como as flores vulgares,

talvez porque foste a pitonisa e visionária.

Não sei.

Dou testemunho de que nada sei desse amor

que um dia partiu, e a mim me partiu.

E hoje ando só pelos campos ressequidos,

em busca da metade que me espera,

( essa metade desesperada).

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