"... a mesma profunda melodia ..."
Luísa, leio o poema cujo início diz:
"Tantos milénios quotidianos que repetem
"a mesma profunda melodia do universo ..."
E acho, tu, violinista virtuosa, alguma nédia
Contradição: apelas ao sentido do ouvido,
Mas imediatamente o pões de parte para
Te envolver no sentido da vista e nalgum
Outro, mesmo totalizado, como "tantos
Olhos desde os vidros", "O mar, sempre
"Infinito", "esséncia a mover-se no equi-
"líbrio", "tantos olhos desterrados" ...
Que engatas, logicamente, com "esboços
"De poemas diluídos" ... Nem sei. Acho
Que estou a errar torturadamente por
Procurar "lógica de mente" em textos
Libertariamente tecidos de palavras
A fugirem de alguma gramática à par-
Tida mergulhada nalguma realidade
Angelical, transcendente, divina, isto é,
Apanhada no mais recôndito do Universo,
Quando deveras são humanos, femininos,
Tirados de vivências submissas a processos
Engraçados de abstrações infelizes, sempre tristes
Como soam e ressoam as melodias dos teus poemas,
Luísa!