Desencanto.
Desencanto.
Quando foi que desaprendi a sonhar?
Quando foi que anuviei o olhar e parei de contar estrelas, de plantar roseiras, de ver borboletas no jardim?
Quando foi que não mais desenhei na areia, rabisquei o chão, não grafitei as paredes, não mais pintei primaveras?
Quando foi que minha voz se calou, meu canto adormeceu e minha mão se soltou saindo da ciranda, encerrando a brincadeira?
Onde foi que me perdi?
Em quais esquinas? Onde e como?
Onde ficaram os dias de chuva, a cerca florida, a terra molhada, o namoro no portão, a serenata à janela?
Onde se esconderam os suspiros, as paixões irresponsáveis, a canção que vinha de longe, os verões intermináveis?
Quando foi que a gente desaprendeu a sonhar esquecendo como é que se escreve saudade?
Fechamos a janela, escurecendo a paisagem, mortificando o sorriso, a alegria em viver.
Quando foi que deixei de viver, desaprendendo a respirar, me aprisionando nas urgências, na pressa dos dias?
Quando foi que deixei de viver?
Viver de verdade…
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