Fortalezas de Chumbo
Pergunte ao frio cortante do cosmos
O que é a solidão, o inexistir
Pergunte ao vagar infindo do universo
O que é o degustar desse insípido elixir
Pergunte ao abismo entre as estrelas
O que é a distância de tantas centelhas
Pergunte ao limbo, aos reinos da escuridão
O que é estar apartado dos ecos da criação
Tocar o brilho do longínquo estelar aglomerado
Irromper em zênites de auroras outras,
No manuseio de cósmico arado
Desde o próximo último outono
Desde o agridoce orvalho azul-cromo
Eterno repisar de folhas caídas
Misturando elementos em rochas derretidas
Brumas gasosas, trovões seculares
Moldando da vida a molécula
Fundindo em mistérios a humana fagulha sob infaustos olhares,
Espalhando ao mundo sua horrenda e térrea fécula
É estranho acreditar,
Mas forçoso é constatar:
Respingos estelares mesclaram vida a ódio infecundo
Enclausurando almas amaldiçoadas em fortalezas de chumbo