Sidarta
Por tua causa,
por efeito de ti...
fiz o "voto do sol".
Suportei a dor de ser erguido do chão
por anzóis, pelos mamilos;
não antes de ser
humilhado como um "mustang" capturado,
como um cão ou bandido
Delírio...
Vi-me sendo sepultado em Portugal,
sendo a minha cova
a boca da "serpente ctônica".
Escorregando por suas entranhas escuras,
fui parar na lagoa azul da Islândia.
Ergui-me ainda confuso,
entre os acalmados
banhistas das águas termais,
e disse solenemente:
Atenção:
Atenção:
De onde eu venho,
encontrei mulheres falsas,
fofoqueiras, gente de baixo nível.
Mas entre vós, eu busco
aquela que é o reflexo de minh'alma.
Desconheço a cor de seus cabelos e olhos,
jamais contemplei a formosura de seu corpo,
mas sei que ela tem um sangue azul
e um caráter real.
Já sobrepujei os nove vermes de Re-stau,
dou-vos por oferenda uma porção
do que sobrou do meu pranto: o sal.
Usai para aveludar a vossa tez, meus amigos,
para que nunca fiqueis como eu,
um "Ulísses" ou um "Tristão" mendigo,
um ex-conde do Principado,
um "samana" sem sorriso.
Mas por favor!
Vós que tendes amor,
queirais informar-me: Há por aqui
uma mulher chamada Nirvana,
Sophia, também conhecida por Paz?
Diante do silêncio,
depositei o sal ao pé de um moinho,
e parti, vendo mulheres nuas
e sem cabelos me olhando tristemente,
como se não pudessem se
transformar em ursos azuis.
Não desejando reencarnar,
fui aceito como ajudante
do "Barqueiro Caronte".
Só então, deixei de buscar,
e todo o amor que eu
houvera reprimido,
passei a distribuir,
com todos os mortos,
eu quis a todos amar.
Hoje, escrevo poemas,
como se minha alma
ouvisse entre uivos de lobos,
entre sons de cem tambores
e flautas de bambu,
o coro de muitos "Siouxs" irmãos,
acolhendo-me como digno guerreiro.
Em tudo, ouvindo o som do rio e do coração,
aprendi que o amor não se busca,
o amor é flor de se dar,
como a alguém se daria
a flor de Sidarta.
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