ÊXTASE DE DOR
Eu sentado na cadeira balançante
Observando a figura do gigante
Posto em meu estreito caminho
Para sucumbir-me aos pouquinhos
Sem que eu possa fazer nada
Capaz de impedi-lo de tal ação.
Eu figuro o quase nada ausente
Eu seguro inelutavelmente
Em uma rocha dura,
Mas a ventania é forte demais
Que balança todas as minhas estruturas.
Sou uma gangorra em movimento
Sinto uma grande dor por dentro
Não consigo esconder tamanha mágoa
Que perfila em meu caminhar tedioso.
Há uma falta de esperança no olhar
Há momento de mais pura acidez
Há o exaurimento das águas do mar
Há momentos de quase pura embriaguez.
Embriago-me na mais pura sonolência
Não consigo carregar o peso de meu corpo cansado
Há o acúmulo de experiências
Em meu rosto petrificado.
A vida perde o sentido
Transfigurando-se em êxtase de dor
Sou a falta de um abraço amigo
Sou um silêncio carregado de horror.
* poesia publicada no livro "Êxtase de Dor" em 1999 pela Editora João Scortecci.