Poema Antigo

Pai e mãe do céu ou da Terra!

San Juan de la cruz:

do dom de pensar livrai-me;

livrai-me de pensar que

o mel que seduz,

não é rima pra cruz

com o seu fel.

Melhor, a noite

escura do espírito

aos que esperam

o juízo do sinédrio/

como um réu/

do que os gritos

dos corpos ardentes,

na secreção da "bílis fervente",

se a paga do ai do prazer

for os ais da dor cruel.

Mas se nada for fazenda

cosida em anágua,

e se tudo for lenda,

nem fogo e nem água...

quero que me teças

um poema atual,

(não assim)

dedilhado no terço

das contas de orvalho,

presas na teia obsoleta

de um amor relicário,

embora anátema.

Porque santa,

não era a Eugênia do camarim,

nem mais criança a Leonídia.

Eu só quero de ti,

um poema,

em que a mescalina

destes sonhos

ó humilde Idalina

seja-lhe o tema

a plasmar nossa casinha

branca, (ingênua)

no outeiro da colina.