Moedas no pote
O tempo bate à sua porta,
sussurra um tic tac repetido,
o que fizestes de sua vida?
Quantas moedas há no pote?
Quantos porta retratos no aparador?
Quantas memórias de viagens?
Vives um eterno recomeço?
Quais escolhas que tomastes?
Não há volta ao passado,
agora é daqui para frente,
nenhuma lágrima atenua a dor,
nenhum arrependimento se esvai,
as marcas estão na mente ao dormir,
tatuagens da alma, gravações perpétuas,
Quando fechas os olhos o que vês?
Nos seus sonhos existe um arco-íris?
a vida não brinca de contar até dez,
o giz da amarelinha se apaga do chão,
só existe o agora e o amanhã sem certezas,
o futuro não pode ser inventado,
o que ficou para trás virou nostalgia,
talvez uma música velha na vitrola,
a fita K7 que virou streaming no App,
o poster do filme que descola da parede,
sua fuga para os EUA não a salvou de si,
de suas recordações, de tudo o que vivestes,
nunca houve garantias assinadas em contratos,
há palavras que talvez não devam ser ditas,
há poesias que talvez se tornem malditas,
o sorriso torto se desfaz no reflexo do espelho,
é apenas um déjà-vu de um beija-flor na janela,
a cor azul trazendo cenários já experimentados,
perfumes que chegam até você como brumas,
maresia de uma praia muito distante de si,
sem um farol que ilumine essa noite escura,
ninguém lhe dará as explicações que busca,
talvez só existam mesmo sombras e dúvidas,
o tempo está na cobrando o que lhe deste...