O Jardim dos Pássaros

Reciclo sempre a pureza de meu amor

um amor anelante creio eu

e o mantenho assim

doce na constância de crer

de crer em mim e na pureza do meu sentimento

tu és como o ar

dentro da bolha de sabão

que se isola da sordidez do mundo

eu trago um amor dentro do peito

flutuando na vastidão do átrio direito

sim é imenso este salão

e se tu queres te expandir

eu aqui inspiro fundo e mais folego te envio

só precisas descer ao jardim do ventrículo

entre as flores dos hibiscos

onde cantam pássaros

de múltiplas cores

tu que confias em mim ouvirás ao entardecer

e também pela manhã

o canto dos sanhaços de meu jardim

do sanhaço de coleira

embora sejas livre

do sanhaço de encontro amarelo

para nos encontrarmos ao sol

do sanhaço do encontro azul

para que um dia nosso encontro

seja harmonioso como um lago

ouvirás o canto do sanhaço da Amazônia

para que o nosso ambiente tenha exuberância

do sanhaço de fogo

para que haja aquela paixão

do escarlate

para que o crepúsculo seja inesquecível

do sanhaço frade

para que nosso amor seja abençoado

do papa laranja

para que nossos beijos tenham uma cítrica doçura

do pardo

para que também seja sólido

do sanhaço vermelho

para mantermos a paixão

ouvirás o canto do sanhaço do coqueiro

para que no amor atinjamos nós a culminância

Tu és um diamante no meio do aluvião

é ternura que só se expande como a preamar no mangue

que invade o solo salino do meu vasto coração

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