RATOS ROEM, É A SUA ESSÊNCIA.

Em estridente radiofonia

pelos guetos das metrópoles,

cânticos dos bastidores

anunciam as histórias

veladas de uma nação.

Sempre existirão ratos

farejando seus queijos

nas penumbras das noites

da fadigada estrutura social.

Alguns vivem nos porões,

outros nos jardins,

cozinhas e até quintais.

Nas salas de estar

dos palácios

alguns desfilam babando

glamurosamente

seus estúpidos desejos.

Em seus disfarces

eles não traem

as suas naturezas

de ratazanas

e roem a vida

em coletividade.

Alguns já foram

exterminados

e outros tantos

vivem assustados

nos esconderijos

noturnos

e continuam roendo,

remoendo e destruindo.

Mesmo aqueles

que com seus olhares

cândidos, vomitam

o que roeram

ou o que viram roídos,

não deixam de ser ratos.

(ANTÔNIO BERNI (1905 - 1981) – 'MANIFESTACIÓN', 1934)

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 27/03/2024
Código do texto: T8028968
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