RATOS ROEM, É A SUA ESSÊNCIA.
Em estridente radiofonia
pelos guetos das metrópoles,
cânticos dos bastidores
anunciam as histórias
veladas de uma nação.
Sempre existirão ratos
farejando seus queijos
nas penumbras das noites
da fadigada estrutura social.
Alguns vivem nos porões,
outros nos jardins,
cozinhas e até quintais.
Nas salas de estar
dos palácios
alguns desfilam babando
glamurosamente
seus estúpidos desejos.
Em seus disfarces
eles não traem
as suas naturezas
de ratazanas
e roem a vida
em coletividade.
Alguns já foram
exterminados
e outros tantos
vivem assustados
nos esconderijos
noturnos
e continuam roendo,
remoendo e destruindo.
Mesmo aqueles
que com seus olhares
cândidos, vomitam
o que roeram
ou o que viram roídos,
não deixam de ser ratos.
(ANTÔNIO BERNI (1905 - 1981) – 'MANIFESTACIÓN', 1934)