No amor... na vida...
No amor... perdi-me nas praias da dor,
Onde o céu beija as estrelas do chão,
Onde os longos dias são grãos de ilusão,
O amor é o longo suspiro, o breve lamento.
Na vida... a vida é um emaranhado de absurdos,
Onde os sentidos são máscaras de véu e veludo;
Entre sonhos e desilusões, os mistérios são mudos,
A vida é a incerteza certa, é o nada dentro do tudo.
Na vida... a vida é essa longa avenida tão indefinida,
Entre as esquinas da alma, cada rua bela e perdida!
Entre gozo e dor, a vida é o ébrio barco em desatino;
A vida são cirandas de sonhos, varandas, destinos.
Entre o caos e o encanto, todo dia me invento,
Neste jogo de laços e perdas sem aparente razão;
A poesia é a locomotiva outonal da minha estação,
E a vida é um sopro, um vendaval em movimento.
O amor é areia, tijolo e cimento; é o vento
Que sopra o barco sem vela e sem direção,
E me leva, louco, além do porto do pensamento.
E assim, em simples versos de inefável emoção,
A vida, na multiplicidade da luz do renascimento,
Revelar-nos-á o âmago do amor em sua perfeição!