O livro é a única saída do cidadão
Não pode virar mania essa bala perdida
Um faca achada também não pode virar costume
Por que que homens de bota de curtume atiram antes de bater na porta?
O que importa pra eles é a cota de apreensão
Nem que uma vida inocente atingida caia no chão
É um tiro na cabeça ou nas costas do cidadão
O poder aperta o gatilho antes da rendição
O predador abate o morador de fone no ouvido
E um grito sofrido de dor vem de dentro da favela
E começa a guerra elas por elas
O órfão ou o pai tem sede de vingança
Apagou-se o sonho de uma criança
A mídia invade o local do acontecimento
E filma as lágrimas e os lamentos
Só não mostra que o culpado é o sistema
A desgraça vira tema de cinema
E o tira-teima do caso é arquivado no tribunal
Pois quem invadiu o quintal é fechado com o juiz
Que diz que o procedimento foi correto
E devolve a arma pro soldado
E tudo se repete em outra comunidade
Onde o maior criminoso é o guardião da sociedade
O livro talvez seja a salvação da mazela
Na mão do soldado da guarnição
Ou no depósito de livros da favela
Pois ler antes de querer atirar quiçá seja a salvação