Flor Miserável
Um jardim não morre de repente,
Ele cede às pragas mal curadas
Que se alastram, plantas não aguadas,
Murcham mudas antes de crescerem.
Um jardim sem sol, sem luz, sem nada,
Morre aos poucos quando tudo falta,
Ou quando a roseira magoada
Crava espinhos na mão que a trata.
E o jardineiro tenta, e tenta,
Revolver a terra, replantar,
Reinventa jeitos de irrigar
Mas as pragas cismam em voltar.
Um jardim não morre assim, do nada,
Mas quando as sementes replantadas
Só fazem brotar o que enseja
A flor miserável da inveja.