Flor Miserável 

 

Um jardim não morre de repente,

Ele cede às pragas mal curadas

Que se alastram, plantas não aguadas,

Murcham mudas antes de crescerem.

 

Um jardim sem sol, sem luz, sem nada,

Morre aos poucos quando tudo falta,

Ou quando a roseira magoada

Crava espinhos na mão que a trata.

 

E o jardineiro tenta, e tenta,

Revolver a terra, replantar,

Reinventa jeitos de irrigar

Mas as pragas cismam em voltar.

 

Um jardim não morre assim, do nada,

Mas quando as sementes replantadas

Só fazem brotar o que enseja 

A flor miserável da inveja.

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/03/2024
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