MULHER NO PODER, PRA QUÊ ? ! . . . (02)
Uma pedalada para trás na democracia.
O país já teve uma mulher na presidência.
Ela quis tapar uma antiga chaga social:
Contrato de Trabalho para domésticas.
"Ah, isso é um carnaval fora de época!"...
"É um sinal de aversão à semiescravidão!"
Apesar da oposição, o contrato se fez:
"Nunca se viu tamanha insensatez!"
Daí,
grandes passeatas na Paulista, com faixas
de escravistas discordando dessa decisão:
"Serva numa boa: mais direito que patroa";
"Minha mãe não pode mais ter empregada"...
É que o racismo envenena nossas veias.
Alguma solução endovenosa foi injetada
nos vasos sanguíneos daquela multidão
raivosa, desinformada e preconceituosa.
Como extirpar o escravagismo de suas artérias?
Meu espírito viu aquela mulher na Rússia,
em passeata de 08/03/1917, lutando contra
o mal do czarismo e sobretudo repudiando
os horrores de uma Guerra se alastrando.
E mais:
exigindo jornada de trabalho mais humana.
Meu espírito viu aquela mulher nos EUA,
em 25/03/1911, entre as 146 costureiras
queimadas, porque também pleiteavam
redução das 14 horas por dia trabalhadas.
Minha consciência viu a grandeza do caráter,
a seriedade, a honestidade, a capacidade
administrativa e a honradez daquela mulher
serem esmigalhadas e desconsideradas
- como a vítima da vez -
pelas matreirices e pautas bombas de uma corja
de algozes camuflados de gente honrada.
Se minha mente não me engana, são os
mesmos misóginos algozes incendiários
daquela fábrica norte-americana de roupas
femininas - no maior feminicídio da história.
Nada mais se salvou nas cinzas dessa desgraça,
senão o poder da desinformação, da misoginia,
e do cancerígeno machismo e suas metástases.
De que mais ela foi vítima, além da misoginia?
- do GOLPE certeiro das pautas bombas que
adornavam o Legislativo com cortinas de fumaça;
- de um referendo em que, quem mais se destacou
foi um vil torturador, que fez bastante graça
de sua própria desgaça.
Elogiou, no instante sagrado do seu voto,
os açoites dados na torturada
- ali presente e em agonia -
pelo seu ilustre ídolo fardado, temível assassino
e mui covarde e infame torturador.
Refiro-me ao martírio de uma mulher
que não se calou ao ser golpeada, manteve-se
firme, briosa, cumpridora de suas obrigações
como mãe e, independentemente de qualquer
posição política ou ideológica, cidadã afável,
confiável e, sobretudo, respeitável.
Presto minha homenagem à força e à coragem
dessa mulher, bem assim a todas as outras que
a têm como exemplo e que somente com pessoas
de bem, íntegras e resolutas interagem.
FELIZ LUTA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER!