Vamos embora, meu amor!
Vamos embora, Amor, para a última clareira escura,
Onde o amor cresce dentro do corpo-semeadura,
Entre rajadas de relâmpagos dourados da primavera,
Neste refúgio onde a alma mui chora porém se eleva.
Vamos embora, Amor, para a última clareira,
Lá o orvalho banha e muda a terra desordeira;
Deixaremos para bem longe a agitação da cidade
E seguiremos, firmes, as águas da serenidade.
O caminho da última clareira é nosso destino,
Onde rochedos e medos serão o último hino.
Cantaremos o esquecimento daquela vida vã,
E amar-nos-emos à luz da clareira, entremanhã!
Vou embora contigo para a última clareira,
E os suspiros, amigos, se mesclam ao vento,
E as folhas bailam no ar por essa brisa faceira
Em um cenário de luar, encanto e sentimento.
Vamos embora para a nossa última clareira,
Onde teus lábios são doces como o mel,
E os corações se beijam rente à videira,
Selando um pacto abençoado pelo Céu.
Na última clareira, encontraremos nosso lar,
Onde as aves cantam, felizes, nosso sincero amar.
Vamos, meu eterno Amor, de mãos dadas à clareira,
E rindo e amando como crianças puras e verdadeiras.
Na candeia da clareira, nosso amor há de florescer,
Entre árvores e flores que comungarão a nossa união,
E os corpos enlaçados se embriagarão de tanto viver
A doce e ofuscante essência deste amor em profusão.
Vamos, sem demoras, embora para a última clareira,
Onde nossos sonhos e fados se congregarão na fogueira;
E lá, meu Amor, incandesceremos como claras lareiras,
Que abrasam e amam as almas à noite e a vida inteira.