Freud, a fé como futuro de uma ilusão.
O futuro de uma ilusão, livro publicado em 1927, a exposição da crítica de Freud a respeito da religião.
Freud parte do fundamento que não é possível ter fé, devido a não existencia de deus, assim sendo, a fé é tão somente uma ilusão cognitiva.
Mesmo a pessoa imaginando ter fé, ela não tem pelo fato da não existência de deus.
Argumenta Freud as crenças religiosas são fantasias, doenças cognitivas, deste modo, a fé não é produto do erro, entretanto, de ilusões.
Com efeito, a crença em um deus, resulta do desejo fantasioso da alma cognitiva, o homem tem medo do vazio existencial, vai ao delírio só depensar que homem é exatamente o seu nada, então acredita em deus.
Deus como resultado da desgraça humana, razão pela qual a fé é produto da má fé, da desonestidade do caráter sapiens.
Assim sendo, a fé não é resultada da fé, muito menos da grandeza humana, entretanto, do fracasso sapiens, a fé é o resultado das fantasias, o homem não acredita em deus, pois a fé é simplesmente o fundamento de uma imaginação delírica.
Isso significa, quanto mais fé tem uma pessoa, maior é o grau de alienação da cognição, portanto, menos fé tem o referido indivíduo, quando imagina ter fé, sendo praticamente ateu.
Deste modo, a fé é a negação da própria fé, do mesmo modo, a negação de deus, a pessoa de fé acredita em deus pelo fato que tem construido na sua imaginação fantasiosa a respeito de deus, a ilusão como resultado dos seus desejos.
Com efeito, a fé não tem valor existencial por ser uma doença psicológica.
O que acontece na prática com o homem que tem desejo de viver as ilusões, ele transforma a fé como resultado da sua vontade deformada, na modificação da fantasia como algo certo e objetivo, dando fundamento ontológico a sua existência.
Desta forma, quem tem fé, exatamente aquele que não tem fé, pensa que a crença é real, passa acreditar na imaginação ilusória, como representação da mentira, negando objetivamente a verdade como fundamento da realidade.
Assim sendo, a fé passa ser uma neurose obsessiva coletiva, a mente totalmente dependente da própria alienação, a cognição leva o indíviduo a loucura, a ponto de não suportar a existência, o homem por ser doente passa acreditar em deus.
Neste instante, o homem absolutamente fracassado, vivendo a infantilidade cognitiva da sua existência, desprotegido da vida real, busca um deus todo poderoso, transferindo a realidade infantil de um ser desprotegido para a figura de um pai, sendo o referido o deus todo poderoso.
A fé neste deus, cria um código moral ético, levando a destruição do espírito, cuja finalidade controlar a fragilidade humana, procurando encontrar equilíbrio psíquico na prória fragilidade.
Do ponto de vista político, ideológico, a religião transforma-se em um instrumento delírico de dominação do ideal na defesa da virtude, substanciando a existência na transformação da desgraça em salvação.
Deus é a própria desgraça humana, como salvação.
Para Freud a fé impõe noções de certo e errado, que vão contra as inclinações humanas, gerando sentimentos inconscientes de culpa, faz do fracaso o ideal de vida.
A compensação da miséria na salvação da alma por meio da ressurreição, na transferência de uma imaginação cujo a natureza é a realização da fantasia em uma realidade confortadora, do futuro da vida, em um suposto paraíso.
Motivo pelo qual a crença consola a fé, sendo que referida sustenta a ilusão, levando através da doença psíquica uma suposta saúde cognitiva, fazendo a ilusão ser a realidade imaginativa como ideologia praxiológica.
Todavia, a fé nunca é a fé, entretanto, a fantasia transformada em verdade através da imaginação como produto do desejo.
Motivo pelo qual a fé não tem existência, pelo fato que não existe deus, para a fé ser desenvolvida, o que há mesmo é a doença cognitiva.
Portanto, o futuro desta ilusão depende do aumento constante da referida doença cognitiva.
Edjar Dias de Vasconcelos.