Sono

Estou com um sono hermético

Tão complicado que é de tempos que o sinto. Parece que este sono, lembrando a morte, me pesa no peito.

Não é um peso sufocante, mas sim calmo

Que lembra a revoada dos pássaros

O descansar de um doente

Uma sensação de beijo por quem se está apaixonado.

As palavras embaralham-se propositalmente.

O céu parece o itinerário deste meu ser cansado e humano.

Criam-se-me asas, como se eu fosse

Um cupido que esqueceu de trabalhar. As coisas do mundo

Nem me importam mais

Embaralham-se os pensamentos

As memórias do dia de ontem

Um beijo de uma deusa recém nascida

Que controla os riachos e o cair das folhas

E dá de brincadeira a direção dos ventos

E a posição das estrelas

E acabo por adormecer, semimorto

Num dia inútil a qualquer progresso

E aspiração alta.

Pasquali
Enviado por Pasquali em 14/02/2024
Reeditado em 18/04/2024
Código do texto: T7998792
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