Meus olhos...meus olhares.

Meus olhos

Vão colhendo flores no caminho

Meus olhares, não.

São coisas diferentes

Mesmo ponto de partida

Mas a vida põe tangentes

Como deixa flores pra ser vistas

Fecha portas

Põe correntes nos portões

Meus olhos são os mesmos

Meus olhares, não.

A vida deixa espinhos

Cerra ouvidos e demais sentidos

Torna olhares insensíveis

Nos lugares que tem flores

Mas meus olhos veem

A vida tem lances assim

Mesmos pontos de partida

Olhares tem que estar atentos

Lentamente, a vida os arrasta

Pra lugares diferentes

Doce vida amarga

Larga a mão da gente

Distração

Quando menos espera

Ela também se vê perdida

Com seus olhos lentos

Mãos vazias

Vão deixando flores mortas

Se quedar pelo caminho

O olhar distante, atento

Estradas tortas

Pode ser que se reencontrem por elas

Vejam como a vida os tornou diferentes

Tramelas às portas

Cadeados nas janelas

Vida, bela vida amarga

Larga a mão da gente ao largo da avenida

Quando vê, tá muito mais perdida

Meus olhos, meus olhares juntos

Pela vida, uma vez mais, talvez

Iguais outra vez

Jamais!

Edson Ricardo Paiva.