Somos o que somos
O que emana de nossos lábios não nos define,
O silêncio, sim,
Longe dos olhos alheios,
Somos forjados pelo que fazemos,
Nossas discretas ações,
Nosso pranto solitário,
A palavra evitada,
Somos os que ocultamos,
O peito sufocado, por não se abrir,
O verso reprimido, para não revelar,
O perdão não solicitado,
O espelho, confidente,
Para nãos e sins, não expressados.
Somos um veículo na contramão,
E a rachadura na bela estrutura,
Somos o que somos, na solidão,
Quando a armadura removemos,
E nos expomos à isolada condição,
Somos a noite inquieta,
Somos um corpo em busca,
De certezas para existir,
Somos o que poucos vislumbram,
A olho nu, o que aspiramos ser,
Incessantemente tentamos, mas,
Raras vezes conseguimos,
Verdadeiramente ser e viver.