AINDA HÁ TEMPO
Hoje acordei com remorso,
visão à beira do abismo.
Afoguei-me de súbito
na falta do afago,
esvaziei-me
na ausência do abraço,
como uma flor que murcha
em dias fortes de verão.
Sob os meus pés
o vazio da queda livre
na penumbra
ao entardecer dos dias.
Sinto a falta
do aperto de mãos
e do sorriso aberto.
Dor esquisita essa
que tenho no peito,
troço que me destroça
por inteiro.
Essa vertigem
do olhar certeiro
para dentro de mim,
era uma viagem
tão necessária
que nunca fiz.
Sinto-me como
se não houvesse
amanhã
ou se não restasse
mais tempo,
somente porque
não disse:
- Te amo!