AINDA HÁ TEMPO

Hoje acordei com remorso,

visão à beira do abismo.

Afoguei-me de súbito

na falta do afago,

esvaziei-me

na ausência do abraço,

como uma flor que murcha

em dias fortes de verão.

Sob os meus pés

o vazio da queda livre

na penumbra

ao entardecer dos dias.

Sinto a falta

do aperto de mãos

e do sorriso aberto.

Dor esquisita essa

que tenho no peito,

troço que me destroça

por inteiro.

Essa vertigem

do olhar certeiro

para dentro de mim,

era uma viagem

tão necessária

que nunca fiz.

Sinto-me como

se não houvesse

amanhã

ou se não restasse

mais tempo,

somente porque

não disse:

- Te amo!

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 17/01/2024
Código do texto: T7978818
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