Caminhada pelo abismo

Caminho pelo abismo com um revólver,

Onde a luz do divino se obscurece;

A tristeza, como névoa, me envolve,

E o coração em preces se estremece.

Oh, visões de um mundo frio além do véu,

Onde os anjos choram lágrimas de sangue,

Onde os sinos do destino batem em escarcéu,

E o amor corta os pulsos na banheira exangue.

A emudecida orquestra melancólica da existência

Ressoa como o enforcado na corda da despedida,

Onde o templo da piedade se corrói em decadência,

E a jornada da vida pula e se afoga no rio, perdida.

Oh contemplação sombria da eternidade,

Onde o coração se perde em fé e insanidade,

Entre as ruínas do que foi divinizado e amado.

A redentora luz celeste, que já se apagou,

Deixa a alma em pranto, como um fado,

Cantando a esperança que o peito sepultou.

A vida é este sedutor abismo profundo da tristeza

Que dispara a bala da vileza: da ida e do pó a certeza.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 15/01/2024
Reeditado em 18/01/2024
Código do texto: T7976965
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