O Mais do Homem
Quando era criança, com meus 5 anos de vida, eu vivia querendo ser um grande homem: forte, bonito e capaz de ajudar pessoas com dificuldades e perigos. Pegava os panos de louças de minha mãe e os fazia de capa, saía correndo da sala para a cozinha e dizia: "Eu sou o Super-Homem". Me divertia e passava o dia brincando de ser esse homem super em tudo. Em meu mundo de infância, vislumbrava algo dentro de mim, uma bondade direcionada a outros seres humanos e a qualquer ser vivo desse planeta. Isso me deixava perplexo em minha cabecinha recém ativada, aos 5 anos, tentando absorver tudo ao redor de forma crítica e questionável.
Fazia perguntas à minha mãe e meu avô, quase todas sem respostas. As principais eram: Por que o homem maltrata e mata animais? Por que o homem é cruel com outros homens? Por que Jesus Cristo foi crucificado? Por que os anjos só vivem em nuvens? E assim iam minhas perguntas incansáveis na minha pequena mente alucinada por conhecimento.
Nesse breve relato de uma parte de minha infância, guardo comigo a cena do Superman voando com sua capa, sendo inabalável e com poderes de autocontrole e superação. Agora, realmente entendo o porquê nunca esqueci esses detalhes: foi para, quando ocorressem percalços em minha vida, voltar à infância e ver que na vida o que importa é a simplicidade do ser. Saber que não somos super-homens, mas sim seres frágeis, e que o mundo é como o Superman, às vezes cruel e às vezes bondoso, machucando e curando as feridas geradas não por ele, mas por nós mesmos. Erramos nos caminhos e desvios, e o mundo simplesmente é o plano de vias de acesso que devemos escolher. Se errarmos o caminho, seguimos em frente e desviamos para outro, melhor ou pior. Nossas capas protetoras com o tempo desgastam-se, as engrenagens ficam mais lentas, engripadas pelo tempo.