Botões de tempo
a flor nascida das horas
traz nas pétalas o tempo
de perfume desacanhado
que enche e logo esvazia
dos coloridos deslizantes
que os olhos não agarram
e lépidos pés aveludados
que notar pouco sabemos
e incapacitados de retê-la
segundo de flor qualquer
um zás de sua primavera
e pô-la em vaso diminuto
assim choramos perdê-la
vê-la, por suposto, jazida
desperdiçada, num jardim
donde procede, incessante
o quase instantâneo botão
desmerecida oportunidade
de seu ciclo infinito e belo
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com) em 04/01/24 --