Éramos dois meninos.
Será que você consegue compreender a história de dois meninos, ambos com o cabelo despenteado usando sandália de couro.
O primeiro sentado ao pé de um ipê amarelo, a noite olhando para o infinito vendo o brilho das estrelas.
O céu parecia estar tão perto dos seus olhos, o segundo sentado no banco de uma universidade famosa, estudando Marx, Nietzsche, Freud, Sartre e Foucault.
O primeiro caminhando a beira do córrego moeda olhando a pastagem da fazenda do seu avô, vendo os bois pastando, encantado com a natureza, perguntando a ele mesmo por que tudo isso existe, em vez do nada.
O segundo procurando entender a Escola de Frankfurt na Alemanha, qual a razão do pensamento europeu ser tão evoluido, o primeiro rezando o terço, contemplando Maria Santíssima a mãe de Jesus Cristo.
Tudo parecia ser tão distante da imaginação, dois meninos, posteriormente dois rapazes, o primeiro montado em um cavalo andando pelo meio de uma floresta.
O segundo estudando a Escola de Chicago, procurando compreender a hermenêutica do neoliberalismo.
O tempo passou o primeiro menino foi morrendo, o segundo renascendo, lendo os melhores livros do mundo.
Até que o primeiro menino morreu, todavia, o segundo ressuscitou, escrevendo belas teses entre elas o que é O Princípio da Incausalidade.
Por que a matéria surgiu da antimatéria, transformando em causalidade através da formatação dos átomos quânticos.
O segundo menino não parava de estudar, escrevendo magnificas teses, Por que o homem tem a mesma origem de todos os animais, com o mesmo DNA, é o único animal que pensa, fala e inventa ideologias.
O tempo passou o referido menino, agora um pouco envelhecido, queria saber por que a matéria é a realidade que ressuscita, se destruindo, refazendo do começo do fim, a eterna reconstrução do universo, quando tudo que existe não tem nenhum propósito.
Neste instante, o antigo menino teve que construir formulações, a respeito de tudo que sempre existiu, o tempo nunca teve passado, motivo pelo qual não poderá existir o futuro, tudo é apenas o momento contínuo.
Na verdade tudo que existe acaba, a vida apenas a replicação permanente da primeira célula mater, o que somos uma imaginação distante de um tempo passado sem futuro, todavia negando o presente, tal é a dialética da existência.
Motivo pelo qual somos o que somos, com a nossa consciêcia idiossincrática, procurando o mundo epistêmico.
Então quando surgiu o entendimento da inexistência, todavia, o que é interessante, o medo deste instante.
Foi quando o menino amadurecido compreendeu o princípio da insignificância, por que existimos quando não somos.
Edjar Dias de Vasconcelos.