FIM DE ANO
No ano em que vivi muitos anos,
eu fraudei maliciosamente o calendário.
A emoção não ficou por baixo dos panos
leia, se puder o meu diário.
Eu fui em tanta festa
mas comecei a comemorar foi dentro de mim.
Eu aparei a aresta
daquela geometria do fim.
No ano em que mudei meus planos
porque eu não queria desgosto.
Comecei a evitar a alguns danos,
olhei para dentro bem absorto.
Eu buscando profundidade no superficial,
desdobrando para no fim não achar.
Eu querendo sol raiando numa noite fatal,
ainda continuo sem chorar.
No ano em que expus melhor o segredo descoberto
criei novo enredo e não tive medo de errar.
Saúdo quem se fez presente além de perto,
porque ás vezes distância não é só lugar.
Fim de ano, ano de fim.
Dez anos passam assim.
O que você prometeu pra si,
não se cobre se não cumprir.
Fim do ano mais quente,
Fim do ano a gente sente.
Do tempo eu sou repetente,
só não quero alma ausente.