UM SONHO
Não acredito
em Papai Noel,
não que não goste
da festa, da mesa farta
e das intenções sensíveis
e amorosas das pessoas.
Há um sentimento
de bondade
pairando no ar.
É festa simbólica,
por isso irreal.
Não somos
capazes de manter
esse espírito
o ano inteiro.
Então, escolhemos
um dia para
extravasarmos
a bondade
e o amor fraternal.
No dia seguinte
tudo volta ao normal,
nosso habitual
desinteresse
pela vida
e pelo outro.
Os pais, papais,
verdadeiros heróis,
eles não existem
somente em um dia.
Para ser de verdade,
eles acordam cedo,
vão e vem
para o trabalho
todos os dias.
Compram pão
diariamente,
pegam seus filhos
nas escolas,
fazem mercados,
compram carnes
semanalmente
e pagam contas
mês a mês.
Em feriados
e finais de semana
eles vão aos estádios,
cinemas, praias
e parques.
Tem famílias,
irmãos e pais.
Até se separam.
Essa historinha
de um Papai Noel
que aparece
somente uma vez
por ano,
não satisfaz
meu desejo
de uma saudável
relação parental.
Conheço pais de verdade,
sei das suas alegrias
e angústias.
Continuemos a comemorar,
e a construir uma esperança,
para que esse dia aconteça
continuadamente.
Em relação
ao nascimento
de um Deus
menino que morreu
por nós na cruz,
ainda fica mais difícil
compreender,
principalmente
quando o mercado
está tão aquecido,
por tantas vendas
e lucratividade.
O que diria
Aquele que nasceu
em uma manjedoura,
multiplicou os peixes,
perdoou a pecadora,
expulsou os vendedores
da porta do templo,
se encontrasse
com Papai Noel
carregando um saco
repleto de presentes
com grifes da Disney,
da Adidas, camisas
Calvin Klein
e colares Armani,
descendo por alguma
chaminé?
JC - Quem te disse
que esse
é o sentido
do meu
nascimento?
O poeta tinha razão,
que o Natal,
ESSA IDEIA DE PAZ
E FRATERNIDADE,
seja um dia que aconteça
todos os dias
e eternamente.