EM GAZA, MEUS FILHOS MORRERAM COM FOME!...

 

 

A mãe estava em casa,

Paróquia de Gaza.

Orava pedindo Paz,

malgrado, água e comida escassas.

 

O marido,

escondido, morto ou desaparecido.

 

Os filhos,

cansados de esperar

o pai,

e de tanto chorar com o choro

da mãe,

trancados no quarto ao lado,

assustados.

 

Pesadelo de uma mãe desamparada:

indignava-a a espada pesada de Herodes

- assecla do Império Romano -

 nas mãos genocidas de Netanyahu,

sequaz do doutrinamento norte-americano.

Ambos quartejadores de inocentes indefesos.

 

"Por que sobreviver?"

- Gritava a pobre mulher desesperançada.

Os filhos - últimos bens - acabam de ser esmagados

pela bomba que explodira no quarto ao lado;

só identificados pelas pulseiras previamente

atadas aos seus bracinhos decepados.

 

"Eu sabia que eles morreriam sob o fogo inimigo,

logo, essa perda esperada pouco me consome.

Meu desalento, minha sofreguidão, minha revolta

é porque foram assassinados no exato dia

e no mesmo chão em que nasceu o Menino Deus.

É como se esse Menino estivesse entre eles

no mesmo abrigo, no quarto que há pouco existia ao lado".

 

"Belém, na Cisjordânia, hoje cancelou o seu Natal,

por entender que o Menino Deus, nesse massacre,

também morreu, e seu corpinho em decúbito dorsal

se encontra exposto em manjedoura de escombros".

 

"Quando há guerra, não há ouro, insenso ou mirra.

Não há Reis Magos, nem Deus, nem humanismo.

Não há sentimento,nem assistência, nem alimento.

Há covardia, mentiras, o mundo escurece e tudo some"...

 

"Meu sofrimento maior, como mãe cristã,

é que

meus pobres filhinhos morreram com fome,

ou com inanição!"...

"Por que sobreviver,

se este lado do mundo só cheira a cadáveres?"

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 24/12/2023
Reeditado em 19/01/2024
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