SERÁ POESIA?
(Poeminha para o dia de Natal)
Lá fora, tudo é caos.
Radiações cósmicas,
cometas errantes,
estrelas nascendo,
outras morrendo,
constelações,
manjedouras,
crucificações,
antimatéria
e buracos negros.
Nasce
em algum lugar
a esperança.
- Desprotegida -
Na contínua e inevitável
expansão das coisas.
Há vazios
e vácuos imensos…
Há, também, alegrias.
A mim,
resta o pôr do sol
à beira-mar,
o arrebol no sertão
e luas cheias
em noites
de fazer besteiras.
Fazer um pedido,
um sonho, quando vejo
uma estrela cadente
traçando o destino
dos Reis Magos
para algum lugar.
A força
de um poema
me sustenta
e dá sentido a tudo,
enquanto viajo
com a via láctea,
predestinado
a um fim tão previsto.
Estou com fome…
abrirei as cortinas,
sentirei o calor
da estrela guia
e comerei
um cuscuz
com ovo!
Sinto o amanhã
nos olhos
de uma criança
que está nascendo,
que nasce
todos os dias.
A vida é rara, bela,
e me chama.
Será poesia?