PORONGOS

A batalha de porongos se revive a cada dia.

Lanceiros negros mendigando nas esquinas.

Outros negros senguem a trote

enchendo a lotação Leopoldina.

Cinco e meia da manhã.

Na batalha da vida, seguem no combate...

contra a fome, contra a desigualdade...

Dia a dia, sal e sol, labor e luta.

Operários do destino,

guerreiros de fibra... leais,

dos quais o futuro fora tirado há 170 anos.

Hoje, pobres, farrapos no más,

seguindo em busca de seus ideais.

Entre si, a fraternidade

buscando humanidade

e sem liberdade...

Não há liberdade quando há fome sobre a mesa...

Lhes roubaram a humanidade em troca de riquezas.

Os discursos de igualdade se resumem a um salário 30% menor

e má condições de vida.

No quilombo, o saneamento é o pior.

Pro patrão, sombra e água fresca;

pro guerreiro negro, labor, sangue e suor.

Um lanceiro e um guarda-chuvas fora morto por engano

- 257 enganos contra o lanceiro musical-

Mariele fora guerreira, lanceira negra na antiga capital.

Capitão e general lhes tiraram as armas da batalha

sem emprego e sem medalhas

a mercê do capital.

Resistem lanceiros nas margens da capital,

Rubem Berta, Leopoldina.

Seguem firme a sua sina

na batalha desigual

de viver com menos pão,

chorando mais o sal,

tingindo de rubro negro

a manchete do jornal.

Se revive dia a dia, hora a hora,

a batalha de porongos no seio da capital.

Mateus Fernandes DE SOUZA
Enviado por Mateus Fernandes DE SOUZA em 21/12/2023
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