Ponto sem fim.
Ponto sem fim.
Entendo bem o seu desconforto.
O seu maremoto, o seu natimorto.
Entendo bem o seu cheiro fétido.
Seu olhar gélido, seu tanto mal gosto.
Agora entendo, o que não é direito.
Que não se importa, que não tem mais meios.
Percebo bem o seu jeito, seus passos sem modos, seus tons sem respeito.
Escuto as batidas, mas sim, sem repostas.
Procuro as saídas, mas fecham-se portas.
Escritos te culpam, os chamados te cobram.
Você ao contrário se esconde do norte.
Pensamentos em caixas, tantos sonhos em faixas.
Todos sendo curados, de feridas passadas.
Deixe as teclas de lado, deixe as cifras atarem.
Pule já dessa ponte, já nem sei porquê busco.
Seu olhar é constante, só que sempre no monte.
Pisa em todo lugar, pisa sempre em gente.
Ontem tive um desejo te te olhar penetrante
Encontrar as palavras que apagaram no instante.
Qual história, contar?
Veja o vazio que está.
Agora entendo o que você foi.
Foi seu berço que te propôs.
Foi seu "sem fim" que te impôs.
Mas não era assim.
Era vida contínua, mas com o nada você preencheu.
O que ainda restava você esqueceu.
Tanta vivência ficando no breu.
Sem palavras, sem cultura, sem histórias.
Você amarga, você esmola.
Mas, há cura?
O que é justo, agora?
Justo agora, temos de ir?
Você poderia nos deixar, ou seguir.
Mas não há deixa, nesse fim.
Vire essa página e siga só.
Se não nos quer aqui, ao menos nos deixe reescrever o melhor, que está por vir.