O Espelho da Verdade

Tive um sonho esquisito

Que mexeu com minha mente,

Acordei apavorado

Com o juízo meio quente.

Pensei sobre meu viver

Em todo meu proceder

De maneira consciente.

No sonho tinha lugares

Bonitos e diferentes.

Não ouvi ninguém falar,

Nem os mais experientes.

Tinha loja de valores

Como sementes de flores

Disponíveis aos clientes.

Eu entrei em uma loja

Com um pequeno espelho,

Para poder me enxergar

Inclinei-me de joelho,

Olhando cada defeito

Revendo todo conceito,

Me foi dado um conselho.

Era feita uma análise

De cada ato cometido,

Dos mais simples, aos mais graves,

Tudo bem esclarecido,

Sem cheiro de corrupção

Nem odor de acusação,

E o cliente era ouvido.

Quando olhei no espelho

E observei meus defeitos,

Entendi que a mudança

Depende dos nossos feitos,

Temos que ter humildade

Também a capacidade

De abrir mão de direitos.

Direito de odiar,

De magoar, guardar rancor,

O direito de desistir

Quando a vida perde a cor.

E saber que o recomeço

Sempre tem um alto preço,

Pois, recomeçar causa dor.

Vi de forma ofuscada

O meu modo de agir,

O caráter embaçado

Me levou a refletir,

Que a minha hipocrisia

Deixou feia a poesia,

E isso não me fez sorrir.

Senti vergonha de ser

Um sujeito moralista,

Um carrasco sem amor

Nem um pouco altruísta,

Com um sorriso na face

Como um mero disfarce

De um cabra narcisista.

Percebi que os defeitos

Estavam dentro de mim,

Porém, sempre olhei pro outro,

E sempre agi assim.

Minha vida tava imunda

Essa análise profunda

Arrancou todo "pantim".

Quando o dia amanheceu

Não esqueci da cidade,

Cada rua e cada loja,

E o Espelho da Verdade,

Cada conselho, confronto

Eu acordei meio tonto

Com outra mentalidade.

Poeta Cupirense
Enviado por Poeta Cupirense em 04/12/2023
Código do texto: T7946452
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