O vazio de existir
Fascina-me o infindável vazio do universo;
ao passo que contém tudo,
é repleto do Nada.
Saturado de uma infinita vastidão de Nada,
reflete como um espelho a existência da humanidade,
a qual almeja avidamente pôr um fim à essa inexistência;
contudo, esse labor é em vão.
Pois a essência do Ser é o Nada,
e não há algo mais patético que o medo de si;
o medo da solidão, o medo da introspecção.
A tão sonhada libertação pode ser alcançada,
e sua fonte é aquele do qual os seres tanto fogem:
o Nada, o tão assustador vazio da existência.
Tememos a origem do Eu e,
com isso, perpetuamos nossa maldita miséria.
Ah, quanta inocência.
não repugnem a origem daquilo que são e,
somente assim, serão capazes de entender a raiz de tudo
e apalpar o que tanto desejam:
a liberdade, o êxtase da felicidade.
Porquanto, aquilo que é verdadeiramente palpável
provém daquilo que tanto lançamos ao vento,
temendo a perversa procedência de tudo
o Nada, o vazio de existir.