Triste natal.
Já é natal.
Já é natal e eu nem sabia, para mim o natal é todo dia!
Aqui onde vivo e moro o silêncio é constante. O único ruído que ouço são apenas o cantar dos pássaros que vez ou outra passam por aqui.
Quando muito vou a cidade só para saber das novidades e dos meses que se passou.
Já é natal e eu nem sabia; mas para mim isso pouco importa. Pois tudo que tenho é apenas um pedaço de pão, que mais tarde vou dividir com meu cão, que tem fome assim como eu.
Cão amigo, já lhe dei a felicidade, levei ele para cidade e lhe apresentei a um senhor muito bom.
Três dias passados olhando meu seco arado ao longe avistei meu cão; coitado, não suportou a saudade, meu querido cão amado, voltou para esse velho brigão.
Já é natal, é dia de mesa farta, mas para mim hoje tudo falta, só não falta solidão.
Ando de pés no chão, o barro é o meu coxão, meu ego é a escuridão.
Não escolhi essa vida, fui criado na lida...nos campos e nas plantações. Não me levaram a escola, me deram uma enxada e uma viola, do estudo não tenho noção. Cresci cuidando do gado, vendo meu pai no arado e minha mãe a beira de um fogão. Meu irmão na varanda e minha irmã em sua rede...de onde nunca saía; coitados, brincavam e não sabiam que tudo um dia acabaria. A rede, o gado, o pasto e o arado, tudo Iria virar pó.
E assim aconteceu.!
Minha mãe em seu fogão de lenha e meu pai na ordenha, tudo diante de mim se transformou, da noite para o dia perdi minha mãezinha, meu querido pai, e meus irmãos que tanto amor eu tinha, tudo isso se acabou.
E agora tudo o que me restou são apenas recordações, minha estrada e um triste olhar, e um pedaço de pão para que nesta noite de natal eu possa dividir com meu cão. Igor Rodrigues Santos