Certas incertezas

não quero repetir os meus aplaudidos versos

só pra eu ter a certeza de agradar novamente

desaprendi cedo as contas de calcular o risco

estudo a órbita ocular em razão de desprezos

e sei dos risos randômicos toda a intensidade

eu declinei da ânsia de ser sempre absorvido

não me apraz escrever coisas líquidas demais

que acabem sendo tomadas em algum engano

assim eu me mantenho espesso e encaroçado

embora me apresente farto, como leite à cria

eu preservo o i e o ene de algumas incertezas

estou desinteressado das quantas vezes ainda

hei de ver nos ponteiros o meu último ângulo

não abro mão de guardar, e bem embrulhado

o pacote frio da certeza que recebi, nascendo

de fato, não quero nada adiantado, nem beijo

nem uivo ou gemidos por um gozo ensacado

tampouco lágrimas por coisa não consumada

(não é certo que aqui tivesse mais um verso)

o privilégio de certas dúvidas soa feito graça

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 24/11/23 --

Antonio L
Enviado por Antonio L em 24/11/2023
Reeditado em 24/11/2023
Código do texto: T7939214
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