Onde foi que deixei?
Onde deixei parte dos meus dias?
Cadê os risos que eu cultivava?
Quem raptou as alegrias
E as esperanças que eu carregava?
Em cada dia, a alma riste;
E em todo ser, doce leveza...
Como o coração que resiste
Mergulhado em delicadeza...
Partes semeadas de mim,
Tal qual sementes de um cacto:
Esporos jogados sem fim;
Gotículas de doce impacto...
Em que deserto deixei umidade,
Em que vales fiquei encharcado?
Pelos olhos da humanidade
Senti-me sempre analisado...
Cobrado com gestos e atitudes,
Num mundo coberto de medo...
Derramam aos montes solitudes,
Enquanto se escondem segredos...
Deixei sonhos pelo chão,
Pétalas de tantos amores...
Amarguras de desilusão,
Doçuras e outros sabores...
E quem sabe quem sou eu,
Jamais esconde o meu nome...
Pois cada verso que é meu
Está impresso e nunca some...
Tal qual poeira de cometa,
Rastro de cosmos, de vastidão!
E mesmo que não o conheça,
Não se faz menos na imensidão!
Deixei o pó que reluz amor;
O pó que grita, silencia e fala...
Deixei os cacos daquela dor
Que atormenta, grita e cala...
Se juntares meus pedaços,
Ponha-os dentro do mar...
Colorindo meus percalços
Até onde eu puder chegar!
(Jonny Mack, 13/11/2023)