Os Cegos Me Apontam o Caminho
Os cegos me apontam o caminho
Porque cansei de discutir com quem diz enxergar
Vocês não percebem a benção da ignorância
Evitam ela
Tem medo dela
E ficam estagnados ao se debruçarem contra o abismo
Onde não há qualquer ponte para o outro lado
O lado do que é prático e não teórico
Do que é real e não hipotético
Do que nenhum livro ou mente conseguiu explicar ainda
E vocês ficam desse lado aí do intelecto
E não sabem nem lavar a louça
Ou dobrar uma roupa
Por isso eu digo:
"Cegos! Apontem-me o caminho!"
Porque se eu seguir as lentes da minha mente ou do meu coração
Jamais andarei um só passo
Pois todo o meu amor
E toda a minha dor, me paralisa
A insegurança, as angústias
É como se qualquer passo fosse em falso
Se toda a estrada fosse de espinhos
E eu sei que de fato não é
Mas quando eu olho não vejo o caminho
Me assusto!
Me prendo nesses pobres sentimentos
De que amanhã é pior que hoje e sempre será
De que o melhor que fiz por mim foi só sorte
De que ninguém - repito - ninguém vai se lembrar de mim!
Os cegos me apontam o caminho
E ao menos não me sinto tão sozinho
Andar no escuro é bem mais fácil
Se não vejo onde estou pisando e nem onde poderia pisar
Nunca saberei se fiz escolha certa ou errada
Todo próximo passo é o melhor caminho
Porque eu sei que ficar parado é a certeza da falha
E se mover é a melhor chance de acertar
É jogar no casino da vida e perceber...
Que o melhor que posso fazer
Só eu posso fazer
E que as paredes a minha frente não existem
Os cegos me dizem
Que eu as construi
E antes mesmo de virar a curva com o carro, já estava freiando
Com medo de parar
E com medo fiquei e parei
De que adiantou isso tudo?
Por isso eu digo
Os cegos me apontam o caminho