É tudo ilusão.

Tristeza

Seja ela qual for

É como as nuvens do céu

Pássaros em revoada

As estações

Uma alegria que se foi

Quando ela vai

Manhãs, felizes por amanhecer

Entardeceres lilases

Chegando ao ponto de esquecer

Num mero instante eles se dissiparam

A despertar de um sonho

A vida segue adiante

No tropel da cavalgada

Existência, uma quimera

Camada por camada

Ela foi sendo desfolhada

De cinzel na mão

Seguimos sós, pungindo a vida

Éramos nós, sem tomar tento

Vazando pela tangente

Não há cuidado e nem talento

Ferro quente em fogo brando

Lá se vão no vento os dias

Eu fico me dizendo

Creio que não foi perdida

A vida, o bom da vida

Vejo que, em contrapartida

Pode ser, ter sido a vida a ter perdido

O que havia de melhor em mim

Não existem grandezas

Tudo é fantasia

Tristeza

Seja ela qual for

É como as águas de um rio

A canção perdida nos ares

Melodia esquecida, que tanto sentido fazia

Noutros dias

O vento por entre as folhas

Tudo se vai na ilusão

Como cada um que vai

Moldando a própria vida

Cada forma escolhida

Tristeza, seja ela qual for

É somente uma grande alegria

Que foi tomando forma

A cada investida

Nada fica

O que existe em nossas mãos

Martelo e cinzel

É só o tempo presente

Nunca ouvi da voz da vida

Que havia urgência ou precisão

E, mesmo ela sendo ilusão

Eu procuro estar atento à direção.

Edson Ricardo Paiva.