A morte do palhaço
Era noite de circo
Plateia lotada
Sem nenhum assento a ser preenchido
Ao som do tambor que rufava
O primeiro a se apresentar foi o mágico
No fim da apresentação muitos aplausos
O segundo foi o trapezista
Atuava sem a plateia desviar a vista
O domador de Leão
Carregava o chicote na mão
A bailarina
Parecia flutuar com suas sapatilhas
Ao fim do espetáculo
A plateia animada para ver o palhaço
E lá estava ele
Calça folgada, nariz vermelho
A peruca escondia os seus cabelos
O sapato enorme que por dentro dançavam os dedos
E ao decorrer de suas palhaçadas
Não observou sequer uma risada
Tirou cambalhotas, contou piadas
E a única gargalhada era ele que dava
Vendo tanto desânimo
Subiu na cadeira que estava próximo ao um andaime
Colocou no pescoço uma corda que lá estava amarrada
Jogando-se da cadeira na frente da plateia calada
E naquela agonia procurando fôlego
Debatendo-se com a corda no pescoço
Com as lágrimas borrando a tinta no rosto
A plateia antes calada
Encheu-se de gargalhada
Mas não sabiam eles
Que aquilo não fazia parte da apresentação
E no meio do picadeiro
Palhaço não se tinha mais não.