A morte do palhaço

Era noite de circo

Plateia lotada

Sem nenhum assento a ser preenchido

Ao som do tambor que rufava

O primeiro a se apresentar foi o mágico

No fim da apresentação muitos aplausos

O segundo foi o trapezista

Atuava sem a plateia desviar a vista

O domador de Leão

Carregava o chicote na mão

A bailarina

Parecia flutuar com suas sapatilhas

Ao fim do espetáculo

A plateia animada para ver o palhaço

E lá estava ele

Calça folgada, nariz vermelho

A peruca escondia os seus cabelos

O sapato enorme que por dentro dançavam os dedos

E ao decorrer de suas palhaçadas

Não observou sequer uma risada

Tirou cambalhotas, contou piadas

E a única gargalhada era ele que dava

Vendo tanto desânimo

Subiu na cadeira que estava próximo ao um andaime

Colocou no pescoço uma corda que lá estava amarrada

Jogando-se da cadeira na frente da plateia calada

E naquela agonia procurando fôlego

Debatendo-se com a corda no pescoço

Com as lágrimas borrando a tinta no rosto

A plateia antes calada

Encheu-se de gargalhada

Mas não sabiam eles

Que aquilo não fazia parte da apresentação

E no meio do picadeiro

Palhaço não se tinha mais não.

Aprígio sousa
Enviado por Aprígio sousa em 21/10/2023
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