ONDAS FLUTUANTES
Tive a euforia de sair do anonimato.
Sou bucólico.
Sou pacato em busca de um lugar à sombra,
O sol nos trópicos é muito quente,
Na linha imaginária do Equador é mais ainda.
Despontar-me-ei entre os grandes
O mais rapidamente possível,
Embora eu ande por sobre os pés
De alguns animais
Em mais essa primavera que se inicia.
Escrevo como nunca antes.
Sou mais que um diamante
Perdido entre grandes pedregulhos,
Mas serei encontrado em breve
E serei peça fundamental
Na construção de uma sociedade
Mais justa sócio espacialmente.
Sei que caio e recaio em armadilhas
Que os incompetentes criam para mim,
Mas sempre levanto a cabeça
E sigo meu caminhar lento
E consistente como a fortaleza
De uma aroeira que revigora
A cada momento,
Apesar dos contratempos da vida.
As portas ainda se abrem.
O chão ainda é firme
No meio de outro lamaçal
E nas ondas flutuantes da vida,
Vou-me conforme sopra o vento
Para onde não sei,
Nesse início de mais um inverno
Quase vigoroso.
O rigor para mim é questão de tempo
E o tempo dá respostas inesperadas
De sempre em sempre
Somos colocados à prova
De quase tudo que existe
No meio do nada ausente.
Na ausência de direitos constituídos
Por leis de Prática Quase Nenhuma,
Mas que nos pega pelo pé
E nos coloca de joelhos perante um juiz maior.
Que nos julga por todos os instantes
Que passamos pela vida.
Uma hora sou eu no meio de nós.
Outra hora sou nós no meio de mim.
Em outro momento calo minha voz,
Noutro instante nem tanto assim,
Mas de qualquer forma sigo firme
A busca incansável do eterno jardim.
No eterno jardim não existe falsidade.
Não existe mentira sobre nada.
Não existe a falsa felicidade,
Nem a verdade infundada,
Lá existe a sabedoria primorosa
Concatenando ideias mil
Que perfazem todos os sonhos realizáveis
Por uma força maior
Que vem do Interior de cada um.
Cada um vive sua vida nua e crua
Como uma sociedade alternativa
Desfraldando a alegria
Na mais perfeita harmonia
Que vem do som da poesia
Inspirando na vida real
Capaz de tirar todas as dúvidas
Existentes nesse nosso mundo
Que nos nega a possibilidade de viver.
Tangará da Serra - MT, 2001.