Me Criei Sem Mania

Eu me criei sem muita mania,

Escavando vala e quebrando pedra,

Uma noite de sono é minha poesia,

Contando histórias, ouvindo brega.

Eu me criei sem muita mania,

Com prego no chinelo, passava o Natal,

Passando fome, sem alegria,

Quando comia uma vez, era carnaval.

Eu me criei sem muita mania,

Dormindo no chão, sem uma rede,

Ler ou escrever ninguém sabia,

Nossa casa faltava parede.

Eu me criei sem muita mania,

Sem reclamar da comida na mesa,

Pois comer era o que eu mais queria,

A voz da nossa mãe tinha fineza.