Passado
Como mágica, sou atraído para fora, na escuridão da noite.
Para fora de casa, para fora do meu corpo, para fora do meu ser.
Fujo, e me escondo debaixo da mesa como uma criança assustada.
As estrelas estão me falando, por que não quero escutá-las?
Eu vejo, mas ainda há dor.
Toda aquela angústia que guardo, e penso escondê-la, sempre está presente.
Por que escondemos tudo aquilo que estamos sentindo, daqueles que provavelmente mais precisam saber os nossos verdadeiros sentimentos?
Reprimimos nossas emoções, como se de algum modo fosse errado ter reações naturais à vida.
Ó, noite tão bela, quanto ainda temos de aprender contigo.
Que mostras a beleza do que um dia já foi, sem arrepender-se de tudo que passou.
Hoje contemplo a sua beleza, e tento encarnar o seu recado.
Olha para trás vendo as trevas, mas também um feixe de luz que passou.
Que brilha lá na frente, me conduzindo para o que ainda é só uma ideia.
O velho fazendo-se novo no cintilar da esperança do amanhã.
Ainda há a névoa do anoitecer, ofuscando minha visão.
Mas observo você, e olho para o mais íntimo do meu ser.
Pois, olhar para o céu é olhar para o passado.