POEIRA ESTELAR

O mundo é metáfora.

Tava inscrito na mansidão

que escorria persistente

naquele riacho.

O silêncio das águas.

Nos galopes sobre

o cavalo de pau

transgredíamos

as estrelas.

O microcosmo

suspenso no ar

era visto pela fresta

de luz que descia

do telhado.

Poeira cósmica.

Os vagalumes

no embrenhar da noite

existiam em saltos

quânticos.

Dança das luzes.

As cigarras

nos iluminavam

com seus cânticos

secretos na escuridão.

A lua era um clarão

que sussurrava poesia.

Tempos depois,

bem mais tarde,

veio “a coisa em si”,

e a metamorfose

ambulante.

O que veio

como explicações

claras, acadêmicas,

desconfigurou tudo.

O mundo

é a metáfora

das coisas.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 01/10/2023
Código do texto: T7898844
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