FERIDOS PARA SEMPRE
Frente a frente
A face e o espelho
Feridos para sempre
Nunca terão seu esteio
Um não reconhece o outro
Quando se veem em um duelo
E só um dos dois desfere um soco
Tentando acertar em cheio seu ego
De um lado marcas e do outro cicatriz
Sabendo que ambos serão nocauteados
E o tempo confabula com um homem gris
Que suprimiu do seu memorial os entreatos
Não se trata de avançar e perder sua lucidez
Quando não alcançaremos o monte parnaso
Nossa língua pátria agora é falada em inglês
E toda inteligência é dedicada ao marasmo
Se a dicotomia que preconiza o abstrato
Abstém de tudo aquilo que faz sentido
Caminhamos para um conceito vago
E nâo seremos os melhores amigos
Não mais reconheço por imagem
E tampouco por tua semelhança
Se em vida nâo foi meu pajem
Melhor manter a distância