O epitáfio

O epitáfio “Dorme, ó amado irmão em remanso!”,

Em pedra fria, o rude destino na lápide inscrito,

Na terra escura, tanto silêncio, o último descanso

Na derradeira morada; o corpo inerte, extinto.

As estrelas não resplandecem a tua jornada,

O vento não sussurrou o teu adeus verdadeiro,

Na fria terra, a imensa saudade é sem idade,

E o tempo já não existe mais em teu outeiro.

As poucas lágrimas que caem são silenciosas preces,

As recordações andam e gritam em cada lembrança;

No coração frio, a tua falta asfixia e nunca desaparece,

A ausência é como uma sombra que sempre avança.

Mas, ainda assim, a tua voz ainda reluz e permanece,

Na velha casa correm ainda teus risos com o vento,

Nossos passos seguem adiante, a vida prossegue...

Sem ti, tão morto e frio, angustiam-nos os momentos.

Escrito o epitáfio “Dorme, ó amado irmão em remanso”,

Em lápide dura e fria, a triste data existencial foi olvida.

Haverá céus ou infernos para a alma em descanso?

No seio da terra, a vida devorou esta carne perdida.

Olhai o túmulo e a alma do teu ser refulge (talvez viva),

Clamei teu nome que grita no meu peito este amor que chora;

Tudo é efemeridade e saudade, tudo é noite cativa,

Que todas as vozes e os movimentos silencia e devora.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 29/09/2023
Reeditado em 28/06/2024
Código do texto: T7897321
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