O epitáfio
O epitáfio “Dorme, ó amado irmão em remanso!”,
Em pedra fria, o rude destino na lápide inscrito,
Na terra escura, tanto silêncio, o último descanso
Na derradeira morada; o corpo inerte, extinto.
As estrelas não resplandecem a tua jornada,
O vento não sussurrou o teu adeus verdadeiro,
Na fria terra, a imensa saudade é sem idade,
E o tempo já não existe mais em teu outeiro.
As poucas lágrimas que caem são silenciosas preces,
As recordações andam e gritam em cada lembrança;
No coração frio, a tua falta asfixia e nunca desaparece,
A ausência é como uma sombra que sempre avança.
Mas, ainda assim, a tua voz ainda reluz e permanece,
Na velha casa correm ainda teus risos com o vento,
Nossos passos seguem adiante, a vida prossegue...
Sem ti, tão morto e frio, angustiam-nos os momentos.
Escrito o epitáfio “Dorme, ó amado irmão em remanso”,
Em lápide dura e fria, a triste data existencial foi olvida.
Haverá céus ou infernos para a alma em descanso?
No seio da terra, a vida devorou esta carne perdida.
Olhai o túmulo e a alma do teu ser refulge (talvez viva),
Clamei teu nome que grita no meu peito este amor que chora;
Tudo é efemeridade e saudade, tudo é noite cativa,
Que todas as vozes e os movimentos silencia e devora.