Primavera outonal

Noite, sentada em minha cama.

Na minha frente, uma mala aberta.

Parcialmente cheia, com espaço.

Nas costas, planos sonhados

Nos ombros amores desfeitos.

Pilha de roupas que deveriam ser

Colunas de outras que nunca serão

Não consigo entender a indiferença

Há uns meses eu sonhei com hoje

Agora eu sonho com o passado.

Qual parte da transformação perdi?

Onde foi que me perdi no caminho?

Me perdi ou será que me encontrei?

Porto Alegre fez sol nos últimos dias

Eu senti frio e não senti a brisa soprar

Coração apertado, certeza nenhuma.

Sigo sentada, olhando pra lugar algum

Olho o que me espera e sorrio feliz

Fecho os olhos vejo o que deixo passar

Sinto medo, sinto mais frio e choro.

Mala pronta são amores consolidados

Mala desfeita as novas oportunidades.

Fuga, repito envergonhada pra mim.

Abrigo, me obrigo a assumir… colo?

Subterfúgios de uma nova fuga.

Um quarto em silêncio, dúvida no ar.

Mala aberta na cama, incertezas no ar

Mala pronta, desfeita, mala pela metade

Que seja, a vida ainda pulsa nas veias!

Abra a janela, deixe o sol e a brisa entrar.

E siga, que o caminho continuará.

Fernanda Rissi
Enviado por Fernanda Rissi em 28/09/2023
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