Primavera outonal
Noite, sentada em minha cama.
Na minha frente, uma mala aberta.
Parcialmente cheia, com espaço.
Nas costas, planos sonhados
Nos ombros amores desfeitos.
Pilha de roupas que deveriam ser
Colunas de outras que nunca serão
Não consigo entender a indiferença
Há uns meses eu sonhei com hoje
Agora eu sonho com o passado.
Qual parte da transformação perdi?
Onde foi que me perdi no caminho?
Me perdi ou será que me encontrei?
Porto Alegre fez sol nos últimos dias
Eu senti frio e não senti a brisa soprar
Coração apertado, certeza nenhuma.
Sigo sentada, olhando pra lugar algum
Olho o que me espera e sorrio feliz
Fecho os olhos vejo o que deixo passar
Sinto medo, sinto mais frio e choro.
Mala pronta são amores consolidados
Mala desfeita as novas oportunidades.
Fuga, repito envergonhada pra mim.
Abrigo, me obrigo a assumir… colo?
Subterfúgios de uma nova fuga.
Um quarto em silêncio, dúvida no ar.
Mala aberta na cama, incertezas no ar
Mala pronta, desfeita, mala pela metade
Que seja, a vida ainda pulsa nas veias!
Abra a janela, deixe o sol e a brisa entrar.
E siga, que o caminho continuará.